O IMPACTO DO USO EXCESSIVO DE TELAS NOS RELACIONAMENTOS SOCIAIS DURANTE E INFÂNCIA
“Durante a infância, a criança começa a desenvolver relacionamentos e a aprender as regras de amizade de uma forma segura. É através dessa interação humana que as crianças aprendem a captar sinais sociais como expressões faciais, linguagem corporal e tom de voz.” Como criar filhos na era digital, Dra Elizabeth Kilbey.
A tecnologia faz parte da realidade dos nossos filhos, mesmo que eles não a usem ainda, estão envoltos por ela o tempo inteiro ao ver os pais e outros adultos sempre conectados. E é uma questão de tempo para que eles sejam inseridos de modo ativo nesse meio, a questão é: quais os impactos do uso excessivo de telas durante a infância? São vários, impacta no sono, na alimentação, no aprendizado, na rotina, na saúde física, mental, etc. Aqui vamos nos ater a falar sobre um especificamente, o impacto do uso excessivo de telas nos relacionamentos sociais durante a infância.
Como vimos na frase acima, é durante a infância que se começa a desenvolver relacionamentos e a aprender sobre os sinais sociais, sendo necessário, para isso, a interação com outras pessoas. O problema é que, como essa interação vai acontecer se as crianças estão perdendo várias oportunidades de se relacionar com as outras pessoas, pois estão de olho na tela do celular?Eu já presenciei cenas de entrar em elevadores e a criança sempre estar com o celular na mão e todos se cumprimentarem, menos ela, que provavelmente estava alheia ao mundo, isso às 06 da manhã! Da mesma forma, vemos isso com muita frequência em restaurantes. Para se relacionar, a criança precisa vivenciar, experimentar a realidade, o dia a dia.
Bom, mas isso quer dizer que sou contra a tecnologia e uso de telas? De forma alguma. Se formos pensar no lado positivo das telas nas relações sociais, podemos dizer que ela facilitou a comunicação, aproximou pessoas fisicamente distantes.O problema é o uso excessivo e sem controle das telas por crianças. Esse sim, influencia negativamente, pois as crianças já estão tendo maiores dificuldades de se relacionar com a família e amigos. Até a forma como elas se comunicam podem ficar mais hostis, principalmente quando é para parar de usar telas.
Outro impacto observado é a diminuição das habilidades sociais, pois muitas delas são aprendidas durante a brincadeira e conversando com alguém pessoalmente. Os mais novos estão mais isolados, mesmo durante passeios, preferindo ficar com o celular do que interagindo com os outros. Ainda pensando nos impactos negativos nos relacionamentos sociais, temos aumento de casos de cyberbullying, por exemplo:
- Mensagens de ameaças e ofensas;
- Exclusão da criança em jogos, atividades, grupos online;
- Compartilhamento de imagens e vídeos constrangedores;
O impacto do bullying virtual em crianças pode ser muito grande. As crianças não têm recursos emocionais para lidar com o bullying virtual ou não.
Cyberbullying (bullying virtual) é o bullying realizado por meio das tecnologias digitais. Pode ocorrer nas mídias sociais, plataformas de jogos e celulares. É o comportamento repetido, com intuito de assustar, enfurecer ou envergonhar aqueles que são vítimas. https://www.unicef.org/brazil/cyberbullying-o-que-eh-e-como-para-lo
Já sabemos o quanto é prejudicial, o que podemos fazer, então, já que sabemos que é uma questão de tempo para que eles comecem a adentrar nesse mundo da tecnologia. Algumas sugestões de uso:
- Postergue o máximo de tempo que conseguir, o uso de telas. A SBP tem uma tabela com a recomendação de uso diário para crianças e adolescentes para que os pais possam se basear, caso permitam que os filhos tenham esse acesso.
- Se puder, evite deixar seu filho no celular. Prefira o uso em televisão, com controle parental, supervisão e tempo limitado.
- Seja exemplo, então, evite utilizar o celular quando estiver na mesa com outras pessoas, em festas, encontros, quando estiver brincando com seus filhos!
- Deixe que seu filho vivencie a realidade. Não coloque em celular ou tablet em restaurantes, em filas, em supermercado, no elevador, etc.
- Se seu filho já usa internet, converse e oriente seus filhos sobre bullying virtual e real. Explique as consequências tanto para quem recebe quanto para quem prática e como esse tipo de atitude pode magoar.
- Ensine-os a pensar no que postar, no que comentar e se é algo que ele teria vergonha de falar pessoalmente a alguém e se vai causar tristeza e raiva na outra pessoa.
- Proporcione momentos de socialização com diferentes grupos de crianças para que ele possa interagir com maior variedade de pessoas.
- Se for permitir que seus filhos tenham redes sociais:
- É importante monitoramento constante e orientação sobre como utilizar de forma segura e responsável. Verifique a classificação etária (você pode ver qual é quando for baixar o aplicativo para o celular), a maioria das redes sociais tem idade mínima de 13 anos;
- A maioria das crianças não tem maturidade emocional para lidar com redes sociais que focam na aparência e competitividade (Instagram, por exemplo) ou com postagens que as façam se sentirem impopulares. Como as “curtidas” ativam o centro de recompensa do cérebro, essas crianças podem se tornar viciadas.
- Se você optar por permitir o uso das redes sociais, você deve configurar privacidade da conta dele, saber as senhas e sempre verificar o que ele está acessando, com quem está falando;
- Estabeleçam, juntos, regras de uso.
Infelizmente, como disse lá no começo, nossos filhos já estão inseridos em um mundo tecnológico do qual não temos como fugir. O que podemos fazer é tentar postergar e inseri-los mais preparados, nesse meio. Não é fácil, mas vai valer a pena.
Por: Gabriela Morais – Educadora Parental