Um estado de aflição, irritação por algo que não se conclui, ou não se consegue identificar em um primeiro momento, mas simplesmente se apresenta. O medo frente ao desconhecido que surge após os encerramentos de ciclos impostos pela vida, ou ainda, o medo sentido ao entrar em contato com a possibilidade da própria finitude. A angústia vem falar que algo não está bem, surgindo como um chamado à necessidade de transformar e por vezes ressignificar determinada circunstância. No entanto, ao passar pela experiência, pode-se encontrar inúmeras dificuldades para compreender quais são as causas desse estado de aflição e até mesmo como manejá-lo.
Durante o decorrer da existência, cada pessoa tem sua vida atravessada por eventos relacionados ao desenvolvimento humano, decorrendo mudanças de ordem biológica, sócio-culturais e emocionais, marcando o espaço tempo durante a infância, adolescência e fase adulta. Colocado desse modo, pode parecer um movimento linear e previsível, dentro de tais etapas. Como algo natural que acompanhará o jeito de ser de cada um: o aprender a engatinhar, andar, falar, relacionar-se com amigos e família, integrar um grupo ou uma “tribo” na adolescência, encarar as responsabilidades da vida adulta alcançando por vez a velhice como última fase do ciclo vital.
Em meio a esse caminhar, os altos padrões impostos pela vida contemporânea, os conflitos gerados pelas múltiplas escolhas oferecidas e os eventos imprevisíveis expostos pelo cotidiano, são alguns dos exemplos causadores de angústia. Um sentimento natural do ser humano e importante para provocar a vontade de quebrar a inércia, que o imobiliza em dados eventos do desenvolvimento, como os questionamentos da juventude, a insatisfação com um emprego, o fim de um relacionamento.
Essa quebra proporciona a busca por algo que faça sentido ou gere um novo sentido. Nesse ponto é importante destacar uma reflexão sobre um pensamento que pode invadir a pessoa “Qual o sentido da minha vida?”, não se pode pautar a pergunta na procura de um sentido único para vida, mas na capacidade que a vida tem em oferecer vários sentidos, a depender do contexto.
Mas quando a angústia não é suficiente para impulsionar quem passa pelo sofrimento psíquico a sair deste, mesmo que se sinta desconfortável? O estado de apatia potencializa-se chegando ao tédio e à sensação de vazio e falta de propósito ou de sentido para a vida. Uma demanda implícita em estados de ansiedade, baixa autoestima, depressão e casos de ideação suicida ou automutilação, por exemplo, sendo apresentados dentro do processo psicoterápico como resultado de uma dor emocional latente.
A partir das questões existenciais presentes em tais demandas, a psicoterapia clínica, fundamentada na logoterapia, disponibiliza um processo terapêutico voltado ao cuidado relacionado as frustrações de sentido gerados por conflitos que pautam as relações do homem consigo mesmo e o mundo que o cerca. Despertando-o para habilidades próprias da condição humana como a superação e a ressignificação, a pessoa trabalha o autodistanciamento. Dessa forma, consegue ampliar a sua maneira de ser no mundo ao enxergar novas possibilidades contidas em sua liberdade de escolha. Um processo desenvolvido dentro do espaço terapêutico em uma parceria entre a pessoa e o psicólogo.
Por: Monica Dini – Psicóloga | CRP: 17/6971
Fontes:
AQUINO, Thiago Antônio Avellar de; GOUVEIA, Valdiney Veloso; PATRÍCIO, Karizy Soany Costa; SILVA, Maria Gorete Sarmento da; BEZERRA, ,Jacqueline Lisete de Macedo; JUNIOR, Valdemir Bezerra de Souza; NETO, Waldemar Moreira de Oliveira. O Amor entre Jovens em Tempos de Ficar: Correlatos Existenciais e Demográficos. PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO, [s. l.], 2012.